Após a decisão em unanimidade do COPOM – Comitê de Políticas Monetárias – pelo aumento em 0,5% da Taxa Selic, precisamos entender o que isso nos afeta.
Com taxa de juros elevadas o acesso ao crédito se restringe e muitas empresas deixarão de fazer investimentos o que impede uma expansão na oferta de empregos.
Com juros altos tudo que é financiado ficou mais caro. Se você pretendia comprar algo financiado, deve pensar muito se realmente é preciso comprar agora pois pagará bem mais caro. Vale a pena juntar o valor que pagaria no financiamento e comprar a vista depois ou de repente nem comprar e ficar com esta reserva financeira.
Como muitas pessoas utilizam crédito para consumir, a taxa de juros alta inibe a utilização deste recurso. Em consequência o comércio vende menos e compra menos também. A indústria acaba tendo queda nas vendas e para se manter de pé, corta gastos . Se mesmo cortando gastos a situação não se sustenta, a indústria acaba tendo que demitir.
Quanto maior o desemprego, maior o clima de insegurança. Mesmo quem está empregado fica inseguro pela incerteza do futuro e reduz o consumo o que acaba afetando o comércio, a indústria e serviços, cada um numa proporção.
E se o aumento da taxa de juros reflete desta forma, por que aumentam? Para conter um mal maior chamado INFLAÇÃO, que é a desvalorização da nossa moeda, reduzindo o poder de compra do nosso dinheiro. Quanto maior a inflação, compraremos cada vez menos coisas precisando de mais dinheiro. Você já deve estar sentindo no bolso este efeito ao ir no supermercado. Trazemos para casa cada vez menos e gastamos mais. Todo mês reduzimos algo da lista mas a despesa não diminui. Efeito da inflação.
Mas a inflação não está reduzindo, só aumenta e tem previsão de chegar por volta de 9% este ano. Qual o efeito do aumento da taxa SELIC na inflação? É que estas medidas visam conter a inflação de 2016 para que ela fique em torno de 5,5% no próximo ano. É preciso apertar o cinto agora para sentir o efeito depois.
Então podemos dizer que 2016 será um pouco melhor que 2015? Ainda não podemos concluir com certeza. Até o final do ano, muitos outros fatores que afetam a economia interna ainda podem mudar e desencadear mais tensão e desemprego. Estamos em meio a uma crise política tão ou mais grave que a crise econômica e que não sabemos o desfecho. Em paralelo temos uma investigação de corrupção que parece não ter fim. São muitos fatores a equilibrar para arrumar a casa, e o que foi desarrumado em vários anos não se arruma de uma hora para outra.
O aumento da taxa SELIC evidencia tempo de economizar. Gastar com sobriedade mesmo que você tenha estabilidade no emprego e não corra o risco de ficar desempregado. A inflação por si só deixará sua vida mais cara e se na família alguém tem o risco de desemprego, talvez você tenha que segurar as pontas.
Também não devemos ficar pessimistas pois estamos vivendo um momento que nos dá a oportunidade de repensarmos o que realmente importa em nossas vidas, o que pode tornar a vida mais simples sem precisarmos trabalhar tanto para dar a quem amamos muito material e pouco afeto. Não vamos poder fazer algumas coisas em contrapartida substituiremos por outras que podem ser melhores.
Se você foi demitido, não faça extravagâncias com o dinheiro da rescisão, e também não utilize tudo para investir num negócio próprio. Planeje o uso do dinheiro para que ele lhe dê segurança até encontrar novo emprego. Se tiver dívidas, aproveite e negocie desconto para quitá-las e economize com juros. Mas até encontrar outro emprego lembre que precisará sobreviver.
Você está desempregado e endividado? É hora de rever tudo em sua vida. Adequar-se a um novo estilo de vida, vender algo que possa fazer dinheiro ou utilizar a criatividade para gerar renda. Tire o foco do problema que provavelmente está tirando o seu sono e coloque o foco na solução. Sempre há um novo caminho que podemos seguir. Com união e aconchego familiar, uns apoiando os outros, tudo passa e ainda descobrimos uma força e coragem que não sabíamos que tínhamos. Acredite em você, faça o que precisa fazer sem se importar com o que os outros vão pensar e siga olhando pra frente sem remoer o passado que não dá pra mudar.
Não deixe de ser alegre por causa da crise. Não fique ecoando más notícias e pessimismos. A crise não durará pra sempre, mas o aprendizado que tirarmos desta fase é que fará a diferença no futuro na nossa vida pessoal, profissional e social.